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Área de vida, nidificação e dieta de Bubo virginianus (Strigiformes: Strigidae) no pampa brasileiro

Home range, nesting and diet of Bubo virginianus (Strigiformes: Strigidae) in the Brazilian Pampa

RESUMO

O jacurutu Bubo virginianus (Gmelin, 1788) tem ampla distribuição pela América, estendendo-se desde o Alasca e norte do Canadá, até o centro da Argentina e Uruguai. Apesar de relativamente comum, diferentes aspectos da história natural desta espécie ainda permanecem pouco conhecidos, sobretudo na Região Neotropical. Assim, o objetivo deste trabalho foi obter informações referentes à área de vida utilizada por B. virginianus, sua biologia reprodutiva e dieta no Pampa brasileiro. O estudo foi realizado entre abril de 2015 e abril de 2018, no município de Santa Margarida do Sul, região central do Pampa brasileiro, Rio Grande do Sul, Brasil. A área de estudo conta com capões de Eucaliptus spp., sob os quais a vegetação é predominantemente formada por gramíneas, com manchas de arbustos espinhosos em pontos específicos. Os arredores do capão principal são utilizados para criação extensiva de gado em campo nativo além de cultivos de soja e arroz. A coleta de dados foi baseada no acompanhamento visual dos indivíduos com ao menos uma observação quinzenal durante o período não reprodutivo, e ao menos uma observação semanal durante o período de utilização do ninho. Além do ninho, foram verificados os poleiros de descanso dos indivíduos monitorados e coletadas as egagrópilas regurgitadas, para posterior estudo de seus hábitos alimentares. A área de vida utilizada pelo casal foi estimada em 0,35 km² pelo método do MCP, ou 0,41 km² baseado em estimativas pelo método de Kernel. Os indivíduos parecem demonstrar interesse por locais limítrofes da área de vida durante a noite e preferindo a parte central da mesma para abrigo/descanso durante o dia. O tempo de utilização do ninho foi de três meses em todos os períodos reprodutivos. A estação reprodutiva da espécie está relacionada ao pico do inverno, com um a dois filhotes nascendo próximo ao final da estação. Os filhotes permaneceram na área de vida dos pais por um período de sete até dez de meses, dispersando durante os meses do outono do ano seguinte. Por fim, a dieta foi baseada em roedores, sobretudo Holochilus vulpinus (Brants, 1827) e aves, seguindo um padrão já conhecido para espécie.

PALAVRAS-CHAVE
Campos; hábitos alimentares; corujas; reprodução; ecologia espacial

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