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Efeito do estresse luminoso sobre Crotalaria spectabilis (Fabaceae) e seu inseto herbívoro, a mariposa Utetheisa ornatrix (Erebidae: Arctiinae)

RESUMO

Efeito do estresse luminoso sobre Crotalaria spectabilis (Fabaceae) e seu inseto herbívoro, a mariposa Utetheisa ornatrix (Erebidae:Arctiinae) A hipótese do estresse da planta prevê que as plantas estressadas são mais atacadas por insetos herbívoros. Neste trabalho, investigamos a influência do estresse luminoso em Crotalaria spectabilis Roth (Fabaceae) e em seu principal herbívoro, a mariposa Utetheisa ornatrix (L., 1758) (Erebidae: Arctiinae). Especificamente, verificamos se as plantas estressadas por sombreamento diferem das plantas não estressadas em termos de produtividade, características morfológicas e porcentagem de água. Também avaliamos o desempenho das mariposas em plantas estressadas e não estressadas. As sementes foram semeadas em vasos. Quando as plantas atingiram 50 cm de altura, foram divididas aleatoriamente em dois grupos: plantas estressadas (grupo de tratamento) e plantas sem estresse (grupo controle). As plantas estressadas foram cobertas por uma malha preta, proporcionando 50% de sombreamento. Foram avaliadas oito características de plantas estressadas e não estressadas de C. spectabilis: altura, biomassa aérea fresca e seca, número de vagens e sementes, dureza foliar, número de tricomas, área foliar, massa foliar específica e porcentagem de água foliar. As mariposas foram criadas individualmente em folhas de plantas estressadas e não estressadas. Obtivemos a sobrevivência larval, o tempo de desenvolvimento larval, o peso pupal e a fecundidade das fêmeas. As plantas não estressadas apresentaram porcentagem significativamente maior de água nas folhas, maior biomassa aérea fresca e um maior número de tricomas do que as plantas estressadas. A taxa de sobrevivência foi de 98% para larvas criadas em folhas de plantas sob estresse e 92% em folhas de plantas sem estresse. O tempo de desenvolvimento larval foi significativamente menor e o peso das pupas femininas significativamente maior em plantas sem estresse do que em plantas estressadas. Assim, a hipótese de estresse em plantas foi corroborada apenas por duas variáveis testadas: número de tricomas (menor nas plantas estressadas) e sobrevivência larval (maior nas plantas estressadas). Os tricomas estão entre os principais tipos de defesa das plantas contra a herbivoria e a redução do seu número nas folhas tornaria as plantas estressadas mais suscetíveis ao ataque de larvas de mariposas, fato corroborado por uma maior sobrevivência larval. Uma das possíveis explicações para a falta de corroboração da hipótese de estresse de planta para a maioria das variáveis testadas é que outras características podem ser alteradas sob condições de estresse, como a concentração de compostos secundários.

PALAVRAS-CHAVE
Desempenho; Lepidoptera; Teoria do Estresse da Planta; tricomas

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