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Maslow e o Meio Ambiente: Integrando Representação Social e Teoria das Necessidades e Motivações

Resumo

Em sua Teoria das Necessidades, Maslow argumenta que no estágio de autorrealização o indivíduo teria valores B mais desenvolvidos, o que envolveria, entre outras características, a tendência a se dedicar principalmente a causas de interesse coletivo em detrimento de interesses individuais. Seria também na fase de autorrealização que o meio ambiente teria um valor intrínseco, aspecto importante se considerarmos a necessidade de desenvolver soluções para os problemas socioambientais. Nesse sentido, a Representação Social do meio ambiente teria relação com os diferentes estágios de necessidades propostos por Maslow em sua teoria? O estágio de autorrealização poderia revelar um indivíduo com uma representação globalizante do ambiente? Para responder a essas questões, foi realizado um estudo com 134 participantes adaptando e utilizando o instrumento Teste de Perfil de Motivação Ambiental e os resultados mostraram uma correlação significativa entre o estágio de autorrealização e uma representação globalizante do Meio Ambiente.

Palavras-chave:
Meio Ambiente; Maslow; Representações Sociais; Motivação, Necessidades

Abstract

In his Theory of Needs, Maslow argues that in the self- actualization stage the individual would have more developed B- values, which would involve, among other characteristics, the tendency to be mostly dedicated to causes of collective interest to the detriment of individual interests. It would also be in the self- actualization stage that the environment would have an intrinsic value, an important aspect if we consider the need for developing solutions to socio-environmental problems. Would the Social Representation of the environment have a relationship with the different stages of needs proposed by Maslow in his theory? Could the self-actualization stage reveal an individual with a globalizing representation of the environment? To answer these questions, an study was conducted with 134 participants adapting and using the Environmental Motivation Profile Test instrument and the results showed a significant correlation between the stage of self- actualization and a globalizing representation of the Environment.

Keywords:
Environment; Maslow; Social Representation and Motivations

Resumen

En su Teoría de las Necesidades, Maslow sostiene que en la etapa de autorrealización el individuo tendría valores B más desarrollados, lo que implicaría, entre otras características, la tendencia a dedicarse principalmente a causas de interés colectivo en detrimento de los intereses individuales. Sería también en la fase de autorrealización que el medio ambiente tendría un valor intrínseco, aspecto importante si consideramos la necesidad de desarrollar soluciones a los problemas socioambientales. En este sentido, estaría relacionada la Representación Social del entorno con los diferentes estadios de necesidades propuestos por Maslow en su teoría? Podría la etapa de autorrealización revelar un individuo con una representación globalizadora del entorno? Para responder a estas preguntas se realizó un estudio con 134 participantes adaptando y utilizando el instrumento Prueba de Perfil de Motivación Ambiental y los resultados mostraron una correlación significativa entre la etapa de autorrealización y una representación global del Medio Ambiente.

Palabras-clave:
Medio ambiente; Maslow; Representaciones Sociales; Motivación

Introdução

A teoria das necessidades de Maslow (MASLOW, 1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.), também conhecida como teoria das motivações, define cinco estágios de necessidades/motivações humanas básicas que fariam parte da constituição de todos os seres humanos. Essas etapas direcionam e identificam as motivações do ser humano, a partir do que se deseja e realiza por meio de suas necessidades. Cada estágio de necessidade enquadra algum tipo de especificidade ou propensão comportamental (SAMPAIO, 2009SAMPAIO, J. Maslow: revisão dos principais trabalhos sobre motivação. Revista de Administração, v. 44, n. 1, p. 5-16, 2009.): Necessidades fisiológicas - correspondem a elementos básicos e intrínsecos do instinto de sobrevivência, como fome, sede, descanso e reprodução; necessidades de segurança - representam estabilidade, compreensão e controle sobre o ambiente em que se está inserido, como no caso de evitar ameaças inesperadas ou sentir-se em um local confortável; necessidades sociais/associativas - expressam a partilha de afeto e intimidade entre os indivíduos e a ideia de relacionamento; necessidades de estima - demonstrar a imagem que o indivíduo tem de si mesmo, considerando seus desejos e motivações internas, mas juntamente com a busca por reconhecimento ou atenção; necessidades de autorrealização - incluem desenvolvimento pessoal, ambições, conquistas, juntamente com o desejo de organizar, analisar e buscar relacionamentos e significados. No texto que se segue, sempre que são mencionadas necessidades e motivações referem-se às definidas por Maslow (1970), salvo indicação em contrário.

Ressalta-se que essas etapas de necessidades são fundamentais no desenvolvimento saudável de uma criança e, portanto, nesse período, devem necessariamente ser atendidas para garantir o pleno desenvolvimento, de maneira a favorecer que esse indivíduo integre mais facilmente a etapa de autorrealização na vida adulta (VERÍSSIMO, 2017VERÍSSIMO, M. D. L. Ó. The irreducible needs of children for development: A frame of reference to health care. Revista Da Escola de Enfermagem, v. 51, p. 1-7, 2017.). Porém, embora as necessidades e as motivações resultantes durem ao longo da vida do indivíduo, na vida adulta esse processo torna-se mais complexo e pode ocorrer uma gama infinita de combinações de necessidades e motivações, com predominância alternada dos diferentes estágios de necessidades (MASLOW, 1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.).

Deve-se levar em consideração ainda que a variação das motivações e das necessidades também está associada à questão dos desejos, que têm um significado importante no cotidiano, envolvendo normalmente a projeção de futuro, cuja ambição pode manifestar-se consciente ou inconscientemente, refletindo uma elevada variabilidade motivacional (MASLOW, 1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.). A cultura também é grande influenciadora de desejos e interesses, orientando suas conquistas, com base nas prioridades e modelos que são desenvolvidos, provocando uma tendência ou busca por alguns padrões específicos, o que pode resultar em semelhanças entre indivíduos que estão submetidos ao mesmo contexto (MASLOW, 1970).

Para Vernalha (2021), essas reflexões sobre as necessidades e motivações humanas podem ser utilizadas para compreender nossa relação com o meio ambiente. O autor traçou o que seria uma inter-relação ideal entre o ser humano e o ambiente, considerando as necessidades humanas a partir da Teoria das Necessidades/Motivações (Figura 1).

A questão socioambiental como valor intrínseco foi associada à necessidade de autorrealização, pois nesta fase considera-se que o indivíduo tem maior probabilidade de se engajar em causas de interesse coletivo de forma mais contínua e independente de fatores externos. Segundo Maslow (1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.) os valores B (do Ser) aparecem com mais frequência e intensidade nesta fase: cosmoética, valorizando a verdade e o que é certo em detrimento das vantagens pessoais, bondade, beleza, integridade, justiça, simplicidade, singularidade, alegria, entre outros. Como resultado, os indivíduos poderão estar mais predispostos a se comprometerem com as ações comunitárias, bem como informados sobre suas posições e motivações para desempenharem suas tomadas de decisões e condutas. Dessa forma, aproxima-se também a noção de felicidade e bem-estar do ser humano de uma perspectiva mais altruísta e menos utilitarista ou consumista. É também nesta fase que o indivíduo consegue gerir melhor o não atendimento de algumas necessidades, não ocorrendo grandes impactos emocionais. Essa maior predisposição para o coletivo em detrimento das necessidades individuais é uma questão fundamental na resolução do problema socioambiental.

Figura 1
Estágios da valorização do meio ambiente a partir das necessidades humanas

Porém, conforme destacado na Figura 1, isso não significa que os impulsos de preservação/conservação ambiental não possam aparecer em outros estágios de necessidade, surgindo, por exemplo, na necessidade de estima ou mesmo no estágio social (isso poderia explicar a adesão dos indivíduos, especialmente os jovens, ao ativismo ambiental). Embora o ideal seja que a questão socioambiental tenha um valor intrínseco, deslocar também a tendência preservacionista/conservacionista para outras etapas pode ser o primeiro passo para uma conscientização mais efetiva dos impactos socioambientais decorrentes do nosso modelo de desenvolvimento.

Neste caso, entende-se que o estudo das motivações e necessidades humanas revela um campo teórico de grande potencial exploratório, cuja aplicação em estudos socioambientais poderá permitir o desenvolvimento de novos conhecimentos sobre a relação entre o ser humano e o meio ambiente, a partir de suas motivações para sua conduta real. Tal fundamentação teórica, quando relacionada às representações sociais do meio ambiente, como mencionado anteriormente, pode significar um potencial referencial teórico para investigar conflitos relativos ao meio ambiente e ao engajamento na resolução de problemas socioambientais, oriundo das diferenças entre o discurso e a prática, a fim de oferecer subsídios teóricos e apoio ao desenvolvimento de projetos de educação ambiental mais eficazes (BRITO; DIAS, 2011BRITO, T. S. A.; DIAS, R. R. O paradoxo do consumo e a perspectiva da sustentabilidade: a motivação do comportamento adolescente em escolas de Belo Horizonte - MG. Revista Ciências Sociais Em Perspectiva, v. 10, n. 8, p. 177-192, 2011.).

Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo avaliar se existe relação entre o estágio de autorrealização e as Representações Sociais do Meio Ambiente, utilizando o instrumento adaptado “Teste de Perfil de Motivação Ambiental” (Environmental Motivation Profile Test, EMPT)”. Para tanto, buscou responder à seguintes questões de pesquisa: a Representação Social do meio ambiente teria relação com os diferentes estágios de necessidades propostas por Maslow em sua teoria? O estágio de autorrealização poderia revelar um indivíduo com uma representação globalizante do meio ambiente, segundo Reigota (2007REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2007.)? A hipótese adotada no presente trabalho é que um vínculo mais forte e duradouro entre o ser humano e o meio ambiente pode surgir quando o indivíduo alcança mais elementos do estágio de autorrealização.

De maneira mais abrangente, Moscovici (2009MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2009.) define a representações sociais como uma sucessão de conhecimentos e práticas cotidianas, que são advindas de influências diretas e indiretas de fatores externos individuais e coletivos, que convergiram para um entendimento em comum, mas que estão sujeitas a contradições ou diferenças, em virtude das individualidades pessoais e locais de cada situação. Portanto, se pensarmos no sentido atribuído ao meio ambiente, por exemplo, pode-se constatar que além de apresentar uma interpretação que também é subjetiva, pois esta é formada pelo indivíduo a partir do modo como ele percebe e representa o meio ambiente ao longo da própria trajetória de aprendizado, também há um senso comum a respeito da questão no grupo de relações desse indivíduo. No caso de estudos socioambientais, por exemplo, é possível descobrir quais as representações sociais que estão se sobressaindo, indicando diferentes níveis e padrões da relação existente entre um grupo e o meio ambiente (REIGOTA, 2007REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2007.). Esses fatores, associados ao estudo das necessidades e motivações, podem favorecer o desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental mais efetivos.

Os resultados obtidos no presente estudo também podem contribuir para futuros estudos sobre atitudes, comportamento e ação para o meio ambiente, agregando-se à produção de conhecimento existente sobre o tema (PATO e TAMAYO, 2006PATO, C. M. L.; TAMAYO, Á. A Escala de Comportamento Ecológico: desenvolvimento e validação de um instrumento de medida. Estudos de Psicologia, v.11, n.3, p. 289-296, 2006.; POWELL et al., 2011POWELL, R. B. et al. Development and validation of scales to measure environmental responsibility, character development, and attitudes toward school. Environmental Education Research, v.17, n.1, p. 91-111, 2011.; DIJKSTRA e GOEDHART , 2012DIJKSTRA, E. M.; GOEDHART, M. J. Development and validation of the ACSI: Measuring students’ science attitudes, pro-environmental behaviour, climate change attitudes and knowledge. Environmental Education Research, v.18, n.6, p.733-749, 2012.; ERDOGAN et al., 2012ERDOGAN, M., OK, A.; MARCINKOWSKI, T. J. Development and validation of Children’s Responsible Environmental Behavior Scale. Environmental Education Research, v., n.4, p. 507-540, 2012.; ANDERSON et al., 2013ANDERSON, N. M.; WILLIAMS, K. J. H.; FORD, R. M. Community perceptions of plantation forestry: The association between place meanings and social representations of a contentious rural land use. Journal of Environmental Psychology, v. 34, n.1, p. 121-136, 2013.; BEERY, 2013BEERY, T. H. Establishing reliability and construct validity for an instrument to measure environmental connectedness. Environmental Education Research, v.19, n.1, p. 81-93, 2013.; SCHNELLER et al., 2015SCHNELLER, A. J.; JOHNSON, B.; BOGNER, F. X. Measuring children’s environmental attitudes and values in northwest Mexico: validating a modified version of measures to test the Model of Ecological Values (2-MEV). Environmental Education Research, v.21, n.1, p. 61-75, 2015.; UGULU, 2015UGULU, I. Development and validation of an instrument for assessing attitudes of high school students about recycling. Environmental Education Research, v. 21, n.6, p. 916-942, 2015.; BIASUTTI e FRATE, 2016; LALOT et al., 2019LALOT, F. et al. When does self-identity predict intention to act green? A self-completion account relying on past behaviour and majority-minority support for pro-environmental values. Journal of Environmental Psychology, v. 61, p. 79-92, 2019.; OLSSON et al., 2019; SZCZYTKO et al., 2019SZCZYTKO, R.; STEVENSON, K.; PETERSON, N.; NIETFELD, J.; STRNAD, R.L. Development and validation of the environmental literacy instrument for adolescents. Environmental Education Research, v. 25, n.2, p. 193-210, 2019.; VARELA-LOSADA et al., 2019; SASS et al., 2021SASS, W.; BOEVE, J.; SEVEN, M.; VAN, P.P. Development and validation of an instrument for measuring action competence in sustainable development within early adolescents: the action competence in sustainable development questionnaire (ACiSD-Q). Environmental Education Research, v.27, n.9, p. 1284-1304, 2021.).

Método

A presente pesquisa teve caráter empírico exploratório, de base qualitativa e quantitativa (CRESWELL, 2010CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa- método qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre-Artmed, 2010.). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, conforme estabelecido pelo CAAE - 16643219.4.0000.5505, parecer - 3.557.711 e projeto CEP - 0777/2019.

O tamanho da amostra foi definido segundo o conceito de Hill e Hill (2012), que utiliza as “Regras Práticas” para análises simples, ou seja, o pesquisador testa a hipótese nula com nível de significância de 5% (α = 0,05) e aplica o teste t de Student, a análise de variância simples e o coeficiente de correlação paramétrica (tipo Pearson) aos resultados obtidos. O método de amostragem adotado foi o não probabilístico, comumente utilizado em pesquisas exploratórias.

Do instrumento para a coleta de dados

O estudo foi realizado por meio de questionário online estruturado com 66 questões abertas e fechadas, denominado Teste de Perfil de Motivação Ambiental (EMPT) (Material complementar).

A construção do instrumento metodológico, também nomeado como motivograma ambiental, contemplou as seguintes etapas: revisão bibliográfica, formulação do problema, definição de objetivos, identificação de variáveis e indicadores, avaliação por juízes, definição do público-alvo (adultos e jovens), pré-teste e aplicação.

Para a avaliação por juízes, foram convidados dois diferentes perfis de profissionais, sendo uma psicóloga e uma historiadora da ciência, assegurando uma significativa concordância de ambas as considerações, acerca da validação do instrumento utilizado.

O pré-teste foi realizado com 20 indivíduos selecionados de forma aleatória entres estudantes de graduação de Ciências Ambientais, sendo que a partir das considerações apontadas, houve redução do número de questões e reorganização da estrutura do questionário, tratando-se de adaptações que facilitaram o alinhamento do instrumento para a plataforma de pesquisa online “Survio” (Disponível em http://www.survio.com).

Somente após as correções apontadas pelo pré-teste é que se iniciou uma ampla divulgação nas principais redes sociais e e-mail para fins da coleta de dados. Foi feito preenchimento remoto do questionário pelos participantes.

A construção do EMPT se baseou na estrutura do Teste de Perfil de Motivação da teoria das necessidades de Maslow aplicada na área de gestão de pessoas (neste trabalho denominado Teste de Perfil de Motivação original) (HESKETH e COSTA, 1980HESKETH, J.L.; COSTA, M. T. P. Necessidade de satisfação: um estudo fatorial. Revista Administração de Empresas,v. 20, n.3, p. 1-10, 1980.; BRUNO, 1997BRUNO, D. E. Motivação para o trabalho no setor de produção em uma empresa de médio porte. 1997. Monografia (Conclusão de Curso de Psicologia) - Faculdade Católica de Anápolis, Instituto Superior de Educação, Anápolis, 1997.; ANDRADE, 2006; MENDES et al., 2013MENDES, M. et al. Influência do perfil motivacional no desempenho técnico: Análise no setor de manutenção de sistemas industriais . UNISANTA Law and Social Science, v. 2, p. 34-41, 2013.). Este instrumento visa reconhecer os estágios de motivações e necessidades dos participantes, possibilitando identificar estímulos que os movam ao longo de suas possibilidades, como a avaliação de suas ações (PEREIRA, 2005PEREIRA, M. A. Análise motivacional de ambiente de trabalho em uma concessionária Volkswagem. 2005. Monografia (Conclusão de Curso de Administração) - Faculdade XV de Agosto, 2005.).

Para o EMPT, foi mantida a estrutura geral do Teste de Perfil de Motivação original, sendo composto por 30 questões com duas afirmações classificáveis por questão, às quais devem ser atribuídas pontuações (zero, um, dois ou três), de forma que a soma das pontuações seja sempre três, ou seja, as combinações válidas de pontuações para as afirmações poderiam ser 0 e 3, 1 e 2, 2 e 1 ou 3 e 0 (SANTOS e CRUZ, 2019SANTOS, E.A.P.; CRUZ, M.T.S. Gestão de pessoas no Século XXI: desafios e tendências para além de modismos. São Paulo: Tiki Books/PUC-SP, 2019.). No instrumento, as necessidades investigadas são representadas pelas seguintes letras: V=Necessidades fisiológicas; W=Necessidades de segurança; X=Necessidades sociais; Y=Estimar necessidades; Z = Necessidades de autorrealização.

Além disso, o EMPT foi concebido para ampliar o escopo do instrumento original para além de um diagnóstico apenas das necessidades predominantes, permitindo também a associação desse diagnóstico às representações sociais do meio ambiente pelos indivíduos, bem como hábitos de consumo, pois esses podem ajudar a revelar ou confirmar possível estágio de motivação predominante, particularmente o de autorrealização, haja vista que seria neste estágio que se teria desenvolvido uma valorização intrínseca do meio ambiente. Segundo Maslow (1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.), na vida adulta a questão das necessidades/motivações se torna mais complexa, tornando-se difícil a distinção entre os desejos (estados motivadores mais influenciados pelas emoções e cultura) e as necessidades. Nesse sentido, os hábitos de consumo se tornam um indicador interessante porque eles nos auxiliam a identificar estados motivadores (desejo) que podem impactar ou mascarar reais estágios de necessidades e motivação.

Essa ampliação foi uma tentativa de superar as críticas feitas ao Teste de Perfil de Motivação original quanto à consistência dos resultados, uma vez que é um preditor de atitude baseado apenas nas motivações (HESKETH e COSTA, 1980HESKETH, J.L.; COSTA, M. T. P. Necessidade de satisfação: um estudo fatorial. Revista Administração de Empresas,v. 20, n.3, p. 1-10, 1980.).

O instrumento final foi dividido em quatro partes complementares, conforme a seguinte estrutura: Bloco 1 - Perfil dos participantes; Bloco 2 - Representação social do meio ambiente; Bloco 3 - Necessidades e motivações; Bloco 4 - Hábitos e comportamento de consumo. As questões foram elaboradas e classificadas em proposições que objetivavam avaliar possíveis decisões em situações conflitantes quanto a ações pró-meio ambiente em relação às necessidades, utilizando sentimentos de motivação/desmotivação, sentimento de culpa ou emoção de raiva. A repetição de algumas questões em diferentes contextos dicotômicos também objetivou dificultar o indivíduo tentar responder o que ele acredita ser “esperado” dele, prática comum em testes desse tipo.

A coerência do EMPT foi testada por meio do índice alfa de Cronbach, utilizando o software IBM SPSS Statistics 22, consistindo em uma ferramenta estatística amplamente difundida em pesquisas que envolvem a elaboração de testes e a sua aplicabilidade. Segundo Almeida, Santos e Costa (2010), este índice permite medir a confiabilidade e consistência do que tem sido avaliado, como o caso da magnitude em que os itens do instrumento estão relacionados.

Este tipo de dado representa a consistência interna do questionário e está associada ao padrão de resposta do grupo amostral, havendo alterações conforme a amostragem e escala. Sua classificação ocorre dentre 0 e 1. Quanto maiores as correlações dos itens, maior sua homogeneidade e, consequentemente, sua consistência no que está sendo medido e averiguado (ALMEIDA; SANTOS e COSTA, 2010; MAROCO e GARCIA-MARQUES, 2006MAROCO, J. Qual a fiabilidade do alfa de Cronbach? Questões antigas e soluções modernas? Laboratório de Psicologia, v. 4, n.1, p. 65-90, 2006.).

Ao relacionar as questões aos aspectos profissionais, a EMPT teve como foco jovens e adultos que estão em início de carreira ou já possuem um emprego, pois a sociedade do século XXI exige profissionais que também reflitam sobre suas escolhas profissionais a partir de uma perspectiva socioambiental.

Análise dos resultados

A análise de conteúdo dos dados qualitativos foi inspirada em Bardin (1994), seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, categorização e interpretação.

As representações sociais do ambiente foram analisadas pelo teste de Evocação Livre de Palavras, método muito utilizado na Psicologia Social por seu caráter espontâneo (SÁ, 1996SÁ, C. P. Representações sociais: teoria e pesquisa do núcleo central. Temas Em Psicologia, v.3, n.4, p. 19-33, 1996.). As palavras evocadas a partir do termo indutor proposto (meio ambiente) foram analisadas por meio das seguintes etapas: definição de dicionários; análise de palavras com significados semelhantes, quantificação e categorização com base nas categorias Reigota (naturalista, antropocêntrica e globalizante) (REIGOTA, 2007REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2007.). Na categoria naturalista, as definições predominantes estão relacionadas aos aspectos naturais, como fauna, flora e ecossistema, e estão distantes do ser humano. Na categoria antropocêntrica predominam definições relacionadas a uma concepção utilitarista, de natureza como recurso. Na categoria globalizante, o ser humano é parte integrante do meio ambiente, sem relação predominante, e há a compreensão de que o meio ambiente vai além dos aspectos naturais, envolvendo também outros fatores, como políticos, econômicos e culturais, entre outros.

Para minimizar a possível alteração na distribuição dos dados das palavras evocadas, adotou-se como critério para determinar a categoria da representação social do meio ambiente a frase que os participantes criaram com as palavras evocadas, o que permitiu a apreensão do significado que estava sendo atribuído a cada palavra citada. Essa frase foi adotada para a classificação das representações sociais do meio ambiente, segundo Reigota (2007REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2007.).

No texto que se segue, quando são mencionadas categorias de representações sociais referem-se àquelas descritas por Reigota (2007REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2007.).

Para os dados quantitativos, além das análises estatísticas descritivas, também foi adotado o teste qui-quadrado de Pearson, ou teste qui-quadrado de independência, para verificar se existe associação entre os estágios de motivação/necessidades e as categorias de representação social. Valores inferiores ao nível de significância estabelecido de 0,05 foram considerados para rejeição da hipótese nula (P-Valor).

Por fim, o presente trabalho focou especificamente na análise das questões 01 a 14 do Bloco 1; questões 16, 17 e 18 do Bloco 2, todas do Bloco 3, e questões 52, 55, 56, 57, 58, 61, 62, 63 e 64 do Bloco 4 (Material Complementar). Essa escolha foi feita por tratar-se de questões diretamente relacionadas às questões de pesquisa propostas neste trabalho.

Resultados

O EMPT foi aplicado entre 19 de agosto e 30 de novembro de 2020 a 134 indivíduos. Obteve-se valor do índice alfa de Cronbach acima de 0,7 (0,704), confirmando a coerência do Teste de Perfil de Motivação (HAIR JR et al., 2009HAIR, J. F., JR., BLACK, W. C., BABIN, B. J., ANDERSON, R. E., & TATHAM, R. L. Análise multivariada de dados. Rio de Janeiro: Bookman, 2009.). Entre as investigações das ciências sociais ou com forte envolvimento humano, um alfa de 0,6 também é considerado satisfatório (MAROCO e GARCIA-MARQUES, 2006MAROCO, J. Qual a fiabilidade do alfa de Cronbach? Questões antigas e soluções modernas? Laboratório de Psicologia, v. 4, n.1, p. 65-90, 2006.).

Bloco 1 - Perfil Sociodemográfico

Os dados do perfil sociodemográfico (Tabela 1) revelaram que os entrevistados eram, em sua maioria, adultos jovens, com até 32 anos de idade. Suas principais fontes de renda eram familiares ou terceiros, em famílias com renda superior a 2 salários-mínimos, o que corresponde a R$ 2.424,00 (aproximadamente US$ 470).

Tabela 1
Informações de ensino (básico e superior) e dados de interesse (n =134)

Bloco 2 - Representação Social

Dos 134 entrevistados, foram obtidas 656 evocações, com predomínio das representações antropocêntricas (48%), seguidas das naturalistas (33%) e globalizantes (19%). Abaixo alguns exemplos de frases dos participantes e a correspondente categorização das representações sociais atribuídas a eles.

Visão Antropocêntrica: É preciso pensar no meio ambiente como um sistema integrado, por isso, a preservação e o manejo sustentável dos recursos naturais são essenciais, uma vez que estes são o alicerce fundamental para a manutenção da vida (JB - 22 anos).

Visão Naturalista - A vida dos animais depende da preservação das matas, das florestas e da água (CAVL - 41 anos).

Visão Globalizante - Acho que atingimos um momento em que a humanidade como um todo precisa intensificar mais do que nunca seus esforços no que se refere à Educação, para que assim possa se dar conta de como ela está intrinsecamente conectada ao meio ambiente que nos cerca, pensando não apenas nos aspectos mais óbvios como aqueles ligados à saúde, mas também em tudo que podemos aprender com a natureza, exercitando nossas virtudes como o amor, e trabalhando por meio da cooperação (SM - 22 anos).

A descrição dos entrevistados sobre seu contato com a educação ambiental na escola revelou que eles tiveram acesso a uma educação fragmentada, pois só interagiam com o tema no âmbito de disciplinas curriculares, como geografia, biologia, sociologia, religião, ciências, artes, química e física, ou por meio de atividades esporádicas. Por fim, ficou evidente também que muitos participantes não tiveram acesso a esse tipo de ensino e informação, ou que, pelo menos, não foi um acontecimento significativo em suas experiências.

Também foi questionado aos participantes se trabalhariam em uma empresa com histórico ambiental negativo, justificando a resposta, independente de responder ‘sim’ ou ‘não’. Da análise de conteúdo foram extraídas três categorias de respostas (Tabela 2), 56% estavam associada à categoria “Não, por incompatibilidade de ideias, valores e discordância das atividades da empresa com relação ao meio ambiente”.

Tabela 2
Categorias de Respostas para a possibilidade de se trabalhar em uma companhia com histórico Ambiental negativo

Bloco 3 - Necessidades e motivações

Foram identificadas categorias maiores e menores predominantes para cada resposta individual da EMPT (Tabela 3). Observou-se com base na estatística Chi-Quadrado que existe associação entre as necessidades predominantes e os grupos de representações sociais. As categorias com os maiores Resíduos Ajustados (|RA| > 5) predominantes para cada resposta individual da EMPT (Tabela 3). No momento da aplicação do teste, as necessidades de segurança prevaleciam para a maioria dos participantes (43% no grupo das categorias predominantes), em detrimento, por exemplo, das necessidades de estima (69% no grupo das categorias não predominantes). Esses dados indicam um provável desejo por estabilidade, estrutura, organização, segurança física, segurança financeira, ambiente adequado e outros parâmetros de segurança.

A análise conjunta das categorias de representação social e de necessidades de Maslow mostrou que os indivíduos com representação globalizante eram os que tinham maior compromisso com as necessidades de autorrealização (44%), nas quais o meio ambiente tem um valor intrínseco. Por outro lado, os participantes que foram classificados com uma representação naturalista e antropocêntrica mantiveram as suas prioridades associadas principalmente às necessidades fisiológicas e de segurança. Isso pode se refletir em diferentes escolhas em relação à responsabilidade socioambiental. A título de exemplo, a maioria dos participantes que apresentam uma representação globalizante do meio ambiente (60%, n = 25), responderam que não trabalhariam em uma empresa que causa grandes impactos ambientais (60%), contra 49% daqueles que apresentaram representações naturalista e antropocêntrica (n = 109).

Tabela 3
Necessidades predominantes e não predominantes e representações sociais (n = 134)

Considerando que o núcleo da representação é relativamente estável (ABRIC, 2001ABRIC, J.C. Prácticas sociales y representaciones. Mexico: Ediciones Coyoacán, 2001.), sua análise pode ajudar a avaliar se a motivação do participante é baseada em uma necessidade intrínseca, como defende Maslow (1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.) e se as motivações seriam um componente importante na constituição de representações sociais, o que destacaria a importância de estudar também a inter-relação entre necessidade/motivações e representação social. A hipótese “as motivações/necessidades são influenciadas pela representação social do meio ambiente que o participante compartilha com o grupo” foi então testada pela análise qui-quadrado de Person das necessidades e representações sociais combinadas de frequências de dados (Tabela 4) e corroborada por um teste qui-quadrado com valor quadrado de 6,876 com dois graus de liberdade e valor P-Valor igual a 0,032. Assim, há evidências de uma associação entre as representações do meio ambiente e as motivações e necessidades humanas e que, de acordo com as frequências observadas, os indivíduos com representação globalizante tendem a apresentar elementos mais associados ao estágio de motivações/necessidades de autorrealização (FEIJOO, 2010FEIJOO, A. M. L. C. Provas Estatísticas. A Pesquisa e a Estatística Na Pscicologia e Na Educação, [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2010.).

Tabela 4
Frequência de necessidades combinadas com os dados de representação social

Bloco 4 - Hábitos de consumo e comportamento

A análise das questões sobre as prioridades e os fatores que influenciam a decisão de compra e aquisição de serviços, com base em elementos do produto ou da empresa, mostrou que o preço é a maior prioridade, seguido pela missão, visão e valores da empresa. Em contrapartida, o compromisso socioambiental da empresa esteve entre os elementos com menor influência na decisão de compra dos participantes.

Como os sentimentos ou emoções estão fortemente correlacionados com os estados motivadores e com o conceito de desejo, foi elaborada uma questão para avaliar a influência das diferentes classificações da categoria (sentimento) na decisão de consumo e no nível de importância atribuído. A felicidade (35%) e a tristeza (33%) representaram os impulsionadores mais significativos para a decisão de consumo dos participantes, seguidas pelo medo/preocupação em segundo lugar (22%), e depois pela ansiedade (19%), raiva (19%) e desejo (16%).

Para aproximar a pesquisa socioambiental do hábito de consumo, foi apresentada aos participantes uma situação hipotética. Ao serem questionados se comprariam um produto com eficácia comprovada e preço competitivo, mesmo sabendo do alto impacto e danos que esse produto causaria ao meio ambiente, 56% dos participantes responderam que comprariam raramente, 30% comprariam ocasionalmente, 11% nunca comprariam (11%) e 3% responderam que sempre comprariam o produto. Essas respostas evidenciaram que parte dos participantes, numa situação em que o produto atenda às suas necessidades, provavelmente tenderá a adquirir o produto apesar a despeito do possível impacto ambiental, principalmente quando relacionado aos seus hábitos de consumo.

As respostas a esta questão foram também relacionadas com os resultados do Bloco 3 da EMPT, para avaliar a sua influência no processo de tomada de decisão. Esta questão foi desenvolvida para verificar estatisticamente se os indivíduos apresentam coerência entre o discurso e a prática e para avaliar o pressuposto inicial desta pesquisa. Neste sentido, observou-se que as motivações/necessidades influenciam sim a decisão de compra, conforme corroborado por um valor qui-quadrado de 15.015, com 4 graus de liberdade, e 95% de confiança.

Os participantes também foram investigados em relação a tipos específicos de compras e suas motivações. A primeira questão foi sobre a aquisição de carro particular, resultando em 70% de indivíduos que já possuíam ou tinham interesse nesta compra e 30% de participantes que não tinham interesse em adquirir seu veículo. Quando solicitados a classificar os elementos considerados motivadores que poderiam impactar sua decisão e o nível de importância atribuído, o grupo de participantes ficou dividido entre preço (34%) e segurança (31%) como critérios de prioridade para aquisição de um veículo. Os dados da segunda e terceira posições mostram que, embora preço e segurança ainda sejam prioridade, o conforto cresceu em relevância, complementando o conjunto de três características que mais influenciam os participantes da pesquisa na hora de comprar um veículo. A classificação desses três motivadores foi significativamente variável quando comparada ao elemento responsabilidade socioambiental, que se manteve estável e constantemente classificado em quarto lugar, demonstrando uma organização recorrente em que o aspecto ambiental ocupa apenas os níveis mais baixos de importância. A categoria de estatuto social nesta questão, ao contrário de situações anteriores, emergiu com relativa importância noutras posições, embora tenha sido ainda mais frequentemente colocada como a menos relevante de todas as características.

Também foi questionado aos participantes se trabalhariam em uma empresa com histórico ambiental negativo, resultando em 56% de respostas negativas e 44% de respostas positivas, sugerindo que a adoção de um comportamento eficaz apresenta maior passividade de reflexão do que a ação mecânica de selecionar um produto, como observado anteriormente quando questionados sobre a compra de produtos apesar dos danos que podem representar ao meio ambiente.

Por fim, a identificação das considerações dos participantes quanto às etapas e necessidades representadas na teoria das motivações de Maslow mostrou que as necessidades de alimentação, descanso e saúde foram consideradas muito importantes (90%), assim como as necessidades de segurança (74%) e a necessidade de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal (70%). As necessidades de relações sociais e convivência foram consideradas importantes (56%) ou muito importantes (31%), enquanto as necessidades de autoestima e status social foram consideradas importantes (58%) ou pouco importantes (30%).

Discussão

Estudos têm demonstrado que na sociedade brasileira, em geral, predomina uma representação social do meio ambiente bastante ecológica, utilitária e antropocêntrica (FARIAS et al., 2017; COLAGRANDE et al., 2021COLAGRANDE, E. A. et al. Educação Ambiental em Escolas Municipais de Diadema, SP: estudo de características e práxis. Ciência & Educação, v. 27, n.1, p.1-16, 2021.). Essa mesma tendência também foi observada no presente estudo, em que as representações sociais do meio ambiente classificadas por Reigota (2007REIGOTA, M. Meio ambiente e representação social. São Paulo: Cortez, 2007.) eram predominantemente antropocêntricas e naturalistas (81%).

Esses são os modelos desenvolvidos ao longo da infância e dos anos escolares da maioria dos brasileiros, nos quais pouco se discute sobre uma relação equilibrada entre o meio ambiente e o ser humano, bem como pouco se desenvolve o pensamento crítico (BUSATO et al., 2012BUSATO, C.; BUSATO, J.; VENTURIN, A. BUSATO, C.C.M. Representações sociais de meio ambiente em estudantes de ensino médio/técnico dos estados do Espírito Santo e Paraná. Engenharia Ambiental: Pesquisa e Tecnologia, v.9, n. 3, p. 352-369, 2012.; FARIAS et al., 2012; FARIAS et al., 2012; FARIAS et al. al., 2017; MACHADO e TERÁN, 2018MACHADO, A. C.; TERÁN, A. F. Educação ambiental: desafios e possibilidades no ensino fundamental I nas escolas públicas. Educação Ambiental em Ação, v. 21, n.79, p. 1-10, 2018.). No presente estudo, 45% dos participantes responderam que a Educação Ambiental não era um componente curricular da educação básica e, entre aqueles que a possuíam, em sua maioria relataram apenas atividades comportamentais e meramente informativas, o que corrobora o encontrado em outros estudos (SOUZA e PEREIRA, 2011SOUZA, P. P. S.; PEREIRA, J. L. Representação social de meio ambiente e educação ambiental nas escolas públicas de Teófilo Otoni-MG. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 6, p. 35-40, 2011.; MAGALHÃES e TOMANIK, 2013, RUA et al., 2015RUA, M. B.; PEDRINI, A.G.; BERNARDES, L.; MARIANO, D.; FONSECA, L.B.; NUNES, R.M.; BROTTO, D.S. Percepção do ambiente marinho por crianças no Rio de Janeiro, Brasil. Revista Biociências, v. 21, n. 1, p. 27-44, 2015.; FARIAS et al., 2017; COLAGRANDE et al., 2021COLAGRANDE, E. A. et al. Educação Ambiental em Escolas Municipais de Diadema, SP: estudo de características e práxis. Ciência & Educação, v. 27, n.1, p.1-16, 2021.).

Os resultados iniciais obtidos no presente estudo também foram reveladores no que diz respeito à questão do impacto que as necessidades/motivações de Maslow podem ter na constituição e/ou consolidação de uma representação social do meio ambiente e, consequentemente, nas atitudes, ações e comportamentos que envolvem nossa relação com as questões ambientais. Vale ressaltar que as representações sociais são resultados de uma experiência subjetiva (daí a importância da percepção), mas também são condicionadas, o que significa dizer que dependem das inserções sociais dos indivíduos que as produzem e compartilham (MOSCOVICI, 2009MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2009.).

Dentro dessa perspectiva, de maneira geral, 95% dos participantes declararam que se sentem responsáveis pelo meio ambiente, mas com predomínio de representações sociais antropocêntricas e naturalistas. Nesse sentido, Amérigo et al. (2005) e Hansla et al. (2008HANSLA, A. et al. The relationships between awareness of consequences, environmental concern, and value orientations. Journal of Environmental Psychology, v. 28, n.1, p. 1-9, 2008.), autores que também se dedicam ao estudo das motivações ambientais, defendem que existem três categorias possíveis para classificar essas motivações: 1) abordagem egoísta - em que os indivíduos problematizam a questão socioambiental a partir das consequências dos problemas e da impacto ambiental para si, ou seja, o que traria, por exemplo, prejuízo à saúde ou perda do que se entende por qualidade de vida; 2) abordagem sócio-altruísta - seriam aqueles indivíduos que levariam em consideração as consequências do impacto ambiental para o coletivo, ou seja, para os seres humanos em geral e 3) abordagem biosférica - destacariam as consequências do impacto ambiental para a fauna, flora e ecossistemas. Para Amérigo et al. (2005), ainda é possível relacionar a abordagem egoísta e a abordagem socioaltruísta a uma representação antropocêntrica do meio ambiente, o que se assemelha aos resultados obtidos no presente trabalho.

No que diz respeito à análise das necessidades/motivações, agora novamente na perspectiva de Maslow (1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.), constatou-se um predomínio, com base nos resultados obtidos, de que entre os participantes a necessidade/motivação mais emergente foi a segurança, seguida da necessidade fisiológica, que pode indicar que estes até predominariam mesmo quando a responsabilidade socioambiental tivesse que ser levada em conta. Isto fica evidente quando os resultados mostram que 44% dos participantes trabalhariam em uma empresa com histórico ambiental negativo ou comprariam um produto (embora alguns tenham dito isso raramente - 56%) que cause forte impacto ao meio ambiente, mas com comprovada eficácia e preço competitivo, o que aproximaria os resultados obtidos da abordagem egoísta, conforme discutido por Amérigo et al. (2005).

Portanto, o que os resultados parecem mostrar é que, dependendo das necessidades/motivações prevalecentes no momento, que também têm relação com a representação social do meio ambiente partilhada pelo grupo, estas podem levar o indivíduo ou o grupo a minimizar a sua responsabilidade socioambiental, podendo recorrer a mecanismos de desengajamento moral para justificar as próprias escolhas, conforme discutido por Bandura (2007BANDURA, A. Impeding ecological sustainability through selective moral disengagement. International Journal of Innovation and Sustainable Development, v. 2, n.1, p. 8-35, 2007.), principalmente se estiverem associadas a representações sociais naturalistas ou antropocêntricas. Isto pode levar a atitudes, ações e comportamentos contraditórios relativamente ao discurso pró-ambiente, se as necessidades humanas básicas não forem satisfeitas.

Porém, para aqueles cuja representação social predominante era a representação globalizante, o estágio de necessidades/motivações que se destacou foi o da autorrealização, em que o meio ambiente tem valor intrínseco, tal como proposto pela EMPT, bem como pela organização feita de Vernalha (2021) apresentado na Figura 1. Isso pode ter se refletido nos resultados apresentados sobre responsabilidade socioambiental. A título de exemplo, 60% dos participantes com predominância de representação globalizante responderam que não trabalhariam em uma empresa que causa grandes impactos ambientais. Entre aqueles que apresentaram representações naturalistas e antropocêntricas, 49% não trabalhariam em uma empresa com essas características.

De uma forma geral, os resultados obtidos sugerem que os indivíduos com uma representação antropocêntrica e naturalista tendem a preocupar-se mais com as suas necessidades fisiológicas, de segurança, sociais e de estima, enquanto aqueles com uma representação global tendem a considerar também elementos presentes na necessidade de autor realização, como, por exemplo, a maior probabilidade de levar em conta o bem comum do que apenas o individual.

As necessidades/motivações dos estágios fisiológico, de segurança, social e de estima estariam mais suscetíveis a estados motivadores decorrentes de emoções ou sentimentos. Ressalta-se que os sentimentos de felicidade e tristeza têm sido apontados como importantes impulsionadores da motivação para o consumo, e estudos e artigos sobre as influências das emoções e dos sentimentos no comportamento de compra e consumo têm recebido maior destaque, principalmente entre as ramificações do marketing e da publicidade (CARVALHO, 2010CARVALHO, C. O consumo e a representação da felicidade em 40 anos de propaganda brasileira Maslow.2010. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Faculdade de Comunicação e Blibioteconomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.).

Nesse sentido, parte-se da compreensão de que os indivíduos estão constantemente sujeitos a algum tipo de emoção ou sentimento, como tristeza, felicidade, raiva, desejo, ansiedade e/ou outros, que, por sua vez, podem afetar tanto o processo cognitivo e comportamento social, incluindo o consumo (CARVALHO, 2010CARVALHO, C. O consumo e a representação da felicidade em 40 anos de propaganda brasileira Maslow.2010. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Faculdade de Comunicação e Blibioteconomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.). O ato de comprar é uma experiência agregada de sentido, segundo Portilho (2005PORTILHO, F. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. São Paulo: Cortez Editora, 2005.), que discute justamente os dilemas entre a responsabilidade socioambiental e o impacto da ação individual e coletiva.

No presente estudo, os sentimentos de felicidade, tristeza e ansiedade foram construtos importantes nos estados motivadores relacionados ao consumo. E considerando a inter-relação indivíduo-sociedade no cenário contemporâneo, em que o status social e a felicidade estão associados ao consumo (PORTILHO, 2005PORTILHO, F. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. São Paulo: Cortez Editora, 2005.), a influência da dimensão emocional é inegável. Particularmente, segundo Carvalho (2010CARVALHO, C. O consumo e a representação da felicidade em 40 anos de propaganda brasileira Maslow.2010. Dissertação (Mestrado em Comunicação) - Faculdade de Comunicação e Blibioteconomia, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2010.), a cultura do consumo fundiu-se com uma associação incisiva entre a aquisição de bens e a realização pessoal humana, uma espécie de “autorrealização” distorcida para alguns indivíduos, o que, na perspectiva de Maslow, (1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.), estaria associado aos estágios de necessidade/motivação social e estima.

Diante dessa e de outras especulações, buscamos investigar e analisar hábitos de consumo, pontuando diretamente algumas questões ambientais, como uma compra financeiramente satisfatória para o participante, mas que, em contrapartida, geraria muito impacto ao meio ambiente. Esta situação dividiu os resultados entre aqueles que raramente comprariam (maioria) e aqueles que comprariam ocasionalmente, demonstrando que, embora muito poucos afirmassem que comprariam sempre, independentemente deste impacto, a maior parcela mostrou que, ao pesar entre a sua necessidade e no ato da responsabilidade socioambiental, acabariam por tender a valorizar mais as próprias necessidades, uma vez que avaliariam suas circunstâncias, escolhendo raramente ou ocasionalmente.

Esta questão foi ainda verificada estatisticamente pelo teste qui-quadrado de Pearson, ponderando entre necessidades/motivações e seus impactos nos hábitos de consumo, com elevado grau de significância. Foi demonstrada consistência com os resultados referentes às questões sobre aquisição de carro e celular, em que as escolhas dos participantes enfatizaram principalmente o aspecto financeiro e a segurança física, mas também o status social quando se tratava do celular.

É necessário que o indivíduo seja estimulado a pensar como isso se relaciona com sua responsabilidade socioambiental, a partir da qual é possível problematizar etapas de necessidades/motivações e possíveis temas a serem considerados em projetos de educação ambiental. Isto pode favorecer o engajamento moral dos grupos ou indivíduos na luta pelas transformações sociais para reduzir as injustiças e as desigualdades sociais a partir do seu estágio de necessidade predominante em determinado momento, mas com a compreensão da importância de buscar, sempre que possível, o estágio de autorrealização, em que, segundo Maslow (1970MASLOW, A. H. Motivation and Personality. New York: Harper & Row, 1970.), o indivíduo tende a buscar o que este autor chamou de valores B: estar livre de psicopatologias; passar pelas etapas das necessidades de forma mais independente; valorizar questões do ser, como verdade, integridade, alegria, beleza, justiça, vontade e outras; perceber a realidade com mais eficiência; aceitar a si mesmo, aos outros e à natureza; apreciar o novo ou diferente; espontaneidade e simplicidade; solução de problemas; autonomia; relacionamentos interpessoais saudáveis e profundos; estrutura e caráter democráticos; compreensão entre meios e fins; criatividade e resiliência. Finalmente, esta é a fase em que o meio ambiente se torna intrinsecamente valioso.

Conclusão

Os resultados mostraram que as motivações/necessidades podem estar relacionadas com a representação social predominante do meio ambiente, e que, de acordo com a frequência, os indivíduos com representação globalizante tendem a estar mais associados ao estágio de motivações/necessidades de autorrealização.

Portanto, acredita-se que, a partir de um diagnóstico inicial obtido a partir do Motivograma Ambiental, principalmente se aplicado em conjunto com questões que visam avaliar as representações sociais sobre o meio ambiente e os hábitos de consumo, é possível avaliar quais possíveis atitudes em relação às questões ambientais são predominantes em determinado grupo antes de iniciar um projeto de educação ambiental.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Maio 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    07 Out 2022
  • Aceito
    15 Jan 2024
ANPPAS - Revista Ambiente e Sociedade Anppas / Revista Ambiente e Sociedade - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistaambienteesociedade@gmail.com